O post de hoje é motivado pelo excelente questionamento de um amigo leitor (amigo e leitor, para ficar mais claro). Ontem, ele me enviou um email perguntando qual era a minha opinião sobre o site WikiLeaks. Para quem não se lembra, este é o portal de Julian Assange (foto), o australiano que surpreendeu o mundo – mais o hemisfério norte, para falar a verdade – ao publicar cerca de 90 mil documentos sobre a guerra do Afeganistão.
Para início de conversa, acho que o WikiLeaks é um fenômeno que acompanha este novo mundo onde pisamos. Ele é fruto de aspectos distintos que moldaram o pensamento mundial deste começo de século: a internet banda larga e a polarização de parte considerável da opinião pública em torno da guerra ao terrorismo declarada pelo governo americano após os atentados de 11 de Setembro.
O site de Assange nasce a partir da conjunção desses fatores e também pelas oportunidades criadas por eles. Há uma demanda por informação sobre a guerra ao terror na mesma medida em que se trata de um assunto polêmico que desperta muitas paixões. A internet, como se sabe, é terreno fértil para isso. Quando o site começa a vazar documentos tão controversos quanto exclusivos em relação às missões dos EUA no Afeganistão, é claro que o material despertará muito interesse.
O WikiLeaks apresenta perfil distinto dos tradicionais veículos de imprensa. O primeiro ponto é que ele não se pretende veículo de imprensa. Sua função é tornar público documentos confidenciais. Nesta medida, acaba funcionando, na prática, como agência de notícias. A diferença, no entanto, é que não existe qualquer edição do material recebido. Está tudo disponível online para quem quiser ver. A checagem feita pelos jornalistas (ou que ao menos deveria ser feita) ao redigir textos ou transformar material bruto em notícia aparentemente não é feita. Não é esta a preocupação do WikiLeaks. Pelo menos, é o que tem dado a entender até o momento.
O produto que oferece costuma ser interessante por natureza. Pelo menos é assim que tenta apresentar o material que consegue. Mesmo que muitas vezes não seja este o caso, como o novo arquivo confidencial publicado na quarta-feira. A novidade da vez é um estudo interno da CIA mostrando preocupação quanto ao fato de estrangeiros passarem a perceber os EUA como exportadores do terrorismo. O documento menciona a atuação de americanos no exterior e pontuais ligações com grupos radicais de toda a sorte, como cidadão americanos que se unem a israelenses radicais, americanos de religião islâmica que passam a lutar em nome da jihad ou o caso dos cinco jovens norte-americanos presos no Paquistão, em 2009, quando tentavam ingressar na al-Qaeda.
Existe certa paranoia em torno disso. Basta fazer um estudo e checar a proporcionalidade na participação de civis americanos em atos de terrorismo. Há casos pontuais e, acredito, eles estão longe de influenciar a percepção internacional sobre os EUA. O documento vale mais pela curiosidade por seu conteúdo do que como revelação realmente relevante.
Em termos empresariais, o WikiLeaks é um negócio arriscado. Ele precisa encontrar material de qualidade e confidencial em certa quantidade. É como um projeto que precisa de uma matéria-prima muito rara para funcionar. Longe da aura de justiceiro de Assange, acredito que ele entende que só sobreviverá enquanto tiver boas novidades para apresentar. Por isso, não me espanta que, em entrevistas, defenda a tese de teorias conspiratórias contra si.
"Sei pela minha experiência que os inimigos do WikiLeaks continuarão a espalhar boatos até mesmo quando eles já foram rejeitados. (...) fomos avisados que, por exemplo, o Pentágono planeja usar truques sujos contra nós", disse em entrevista à Al-Jazira. É claro que isso pode acontecer mesmo, mas não deixa de ser interessante para a visibilidade do site que seu fundador se apresente como o homem a incomodar o governo mais poderoso do planeta.
Para início de conversa, acho que o WikiLeaks é um fenômeno que acompanha este novo mundo onde pisamos. Ele é fruto de aspectos distintos que moldaram o pensamento mundial deste começo de século: a internet banda larga e a polarização de parte considerável da opinião pública em torno da guerra ao terrorismo declarada pelo governo americano após os atentados de 11 de Setembro.
O site de Assange nasce a partir da conjunção desses fatores e também pelas oportunidades criadas por eles. Há uma demanda por informação sobre a guerra ao terror na mesma medida em que se trata de um assunto polêmico que desperta muitas paixões. A internet, como se sabe, é terreno fértil para isso. Quando o site começa a vazar documentos tão controversos quanto exclusivos em relação às missões dos EUA no Afeganistão, é claro que o material despertará muito interesse.
O WikiLeaks apresenta perfil distinto dos tradicionais veículos de imprensa. O primeiro ponto é que ele não se pretende veículo de imprensa. Sua função é tornar público documentos confidenciais. Nesta medida, acaba funcionando, na prática, como agência de notícias. A diferença, no entanto, é que não existe qualquer edição do material recebido. Está tudo disponível online para quem quiser ver. A checagem feita pelos jornalistas (ou que ao menos deveria ser feita) ao redigir textos ou transformar material bruto em notícia aparentemente não é feita. Não é esta a preocupação do WikiLeaks. Pelo menos, é o que tem dado a entender até o momento.
O produto que oferece costuma ser interessante por natureza. Pelo menos é assim que tenta apresentar o material que consegue. Mesmo que muitas vezes não seja este o caso, como o novo arquivo confidencial publicado na quarta-feira. A novidade da vez é um estudo interno da CIA mostrando preocupação quanto ao fato de estrangeiros passarem a perceber os EUA como exportadores do terrorismo. O documento menciona a atuação de americanos no exterior e pontuais ligações com grupos radicais de toda a sorte, como cidadão americanos que se unem a israelenses radicais, americanos de religião islâmica que passam a lutar em nome da jihad ou o caso dos cinco jovens norte-americanos presos no Paquistão, em 2009, quando tentavam ingressar na al-Qaeda.
Existe certa paranoia em torno disso. Basta fazer um estudo e checar a proporcionalidade na participação de civis americanos em atos de terrorismo. Há casos pontuais e, acredito, eles estão longe de influenciar a percepção internacional sobre os EUA. O documento vale mais pela curiosidade por seu conteúdo do que como revelação realmente relevante.
Em termos empresariais, o WikiLeaks é um negócio arriscado. Ele precisa encontrar material de qualidade e confidencial em certa quantidade. É como um projeto que precisa de uma matéria-prima muito rara para funcionar. Longe da aura de justiceiro de Assange, acredito que ele entende que só sobreviverá enquanto tiver boas novidades para apresentar. Por isso, não me espanta que, em entrevistas, defenda a tese de teorias conspiratórias contra si.
"Sei pela minha experiência que os inimigos do WikiLeaks continuarão a espalhar boatos até mesmo quando eles já foram rejeitados. (...) fomos avisados que, por exemplo, o Pentágono planeja usar truques sujos contra nós", disse em entrevista à Al-Jazira. É claro que isso pode acontecer mesmo, mas não deixa de ser interessante para a visibilidade do site que seu fundador se apresente como o homem a incomodar o governo mais poderoso do planeta.
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