As ambições americanas no Oriente Médio têm seguido uma linha crescente. Curiosamente, no entanto, as expectativas do presidente Obama são muito distintas de seus antecessores. Alçado ao cargo político mais importante do planeta com grande ajuda de campanhas de marketing e relações públicas, o atual ocupante da Casa Branca sabe que se contentar com objetivos óbvios é entrar para a história como derrotado.
Assim, como na regra três, ele sabe que menos vale mais. Portanto, nada melhor do que preencher as páginas dos futuros livros escolares no papel daquele que deixou o Iraque. O mesmo planeja fazer com o Afeganistão. Também almeja, é claro, reformular as negociações de paz entre israelenses e palestinos.
Por tudo isso, há um enorme esforço para que seu governo capitalize a retirada do Iraque. Muito embora, é preciso lembrar sempre, que 50 mil soldados americanos ainda permanecerão em território iraquiano até dezembro de 2011 – data correspondente ao cronograma de retirada estabelecido por George W. Bush. No imaginário mundial, entretanto, Obama já é o líder dos EUA que encerrou a ocupação. E nesses nossos tempos, percepção vale mais do que qualquer fato.
As opiniões de generais e autoridades americanas envolvidas não escondem a satisfação pelo fim da presença americana. Pelo contrário; fazem questão de ressaltá-la. Para o general Ray Odierno, o mais alto comandante dos EUA no Iraque, apenas uma situação de falha completa das forças de segurança iraquianas poderiam justificar o retorno das ações militares americanas no país. E isso ele fala com conhecimento de causa: após a invasão de 2003, Washington reconstruiu, treinou e armou os iraquianos do zero. Hoje, são 600 mil soldados locais que fazem a segurança nacional em toda a extensão do território. Não é pouca coisa, definitivamente.
O problema desse discurso é que ele ignora o caos político instalado. Como escrevi outras vezes, existe um vácuo de liderança. Simplesmente porque os iraquianos não conseguiram formar um governo de coalizão até o momento. Se isso persistir, a estratégia de democracia no Iraque pode sair pela culatra. Um dos maiores críticos à ocupação americana, o clérigo xiita Moqtada al-Sadr (foto)pode surgir como sério candidato ao papel de grande líder popular iraquiano. Apoiado amplamente pelas massas xiitas mais pobres, não é impossível que, após a retirada definitiva americana, ele decida retornar de seu exílio no Irã (país de maioria xiita e que tem grande interesse em influenciar a política do país vizinho).
Como aconteceu nos territórios palestinos, após a eleição legítima do Hamas, os EUA podem estar diante de um grande problema iminente. Se Sadr se valer do sistema eleitoral e vencer, será a maior derrota da Casa Branca no Oriente Médio deste século. Na prática, a estratégia americana a longo prazo terá simplesmente se resumido a fazer o trabalho duro de tirar o sunita Saddam Hussein do poder e entregar o país no colo de uma aliança regional com o Irã. Como Obama explicaria tal desastre a seus eleitores?
Assim, como na regra três, ele sabe que menos vale mais. Portanto, nada melhor do que preencher as páginas dos futuros livros escolares no papel daquele que deixou o Iraque. O mesmo planeja fazer com o Afeganistão. Também almeja, é claro, reformular as negociações de paz entre israelenses e palestinos.
Por tudo isso, há um enorme esforço para que seu governo capitalize a retirada do Iraque. Muito embora, é preciso lembrar sempre, que 50 mil soldados americanos ainda permanecerão em território iraquiano até dezembro de 2011 – data correspondente ao cronograma de retirada estabelecido por George W. Bush. No imaginário mundial, entretanto, Obama já é o líder dos EUA que encerrou a ocupação. E nesses nossos tempos, percepção vale mais do que qualquer fato.
As opiniões de generais e autoridades americanas envolvidas não escondem a satisfação pelo fim da presença americana. Pelo contrário; fazem questão de ressaltá-la. Para o general Ray Odierno, o mais alto comandante dos EUA no Iraque, apenas uma situação de falha completa das forças de segurança iraquianas poderiam justificar o retorno das ações militares americanas no país. E isso ele fala com conhecimento de causa: após a invasão de 2003, Washington reconstruiu, treinou e armou os iraquianos do zero. Hoje, são 600 mil soldados locais que fazem a segurança nacional em toda a extensão do território. Não é pouca coisa, definitivamente.
O problema desse discurso é que ele ignora o caos político instalado. Como escrevi outras vezes, existe um vácuo de liderança. Simplesmente porque os iraquianos não conseguiram formar um governo de coalizão até o momento. Se isso persistir, a estratégia de democracia no Iraque pode sair pela culatra. Um dos maiores críticos à ocupação americana, o clérigo xiita Moqtada al-Sadr (foto)pode surgir como sério candidato ao papel de grande líder popular iraquiano. Apoiado amplamente pelas massas xiitas mais pobres, não é impossível que, após a retirada definitiva americana, ele decida retornar de seu exílio no Irã (país de maioria xiita e que tem grande interesse em influenciar a política do país vizinho).
Como aconteceu nos territórios palestinos, após a eleição legítima do Hamas, os EUA podem estar diante de um grande problema iminente. Se Sadr se valer do sistema eleitoral e vencer, será a maior derrota da Casa Branca no Oriente Médio deste século. Na prática, a estratégia americana a longo prazo terá simplesmente se resumido a fazer o trabalho duro de tirar o sunita Saddam Hussein do poder e entregar o país no colo de uma aliança regional com o Irã. Como Obama explicaria tal desastre a seus eleitores?
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