Por mais que se possa considerar os incêndios na Rússia como fruto de uma catástrofe da natureza, os sucessivos eventos de destruição mostram um pouco da decadência do país. Muitos dos feridos poderiam ter sido evitados se houvesse melhor estrutura de atendimento. Isso se refere a hospitais e mesmo efetivo para combater o fogo.
A administração Medvedev-Putin está no foco da crise. Enquanto mais de 3,5 mil pessoas estão sem teto e já há 54 mortos, as autoridades mostram certo descaso com a situação. E tudo se torna ainda pior quando se sabe que esta era uma tragédia anunciada, como muita gente tem lembrado.
"Depois de o então presidente Vladimir Putir assinar o Código Florestal em 2007 – que transferiu a responsabilidade de proteger as florestas do governo federal para empresas privadas e órgãos regionais mal-equipados e sub-financiados – especialistas avisaram que o país iria queimar no primeiro verão mais quente (que viesse a acontecer)", escreve a jornalista Yulia Latynina no Moscow Times.
Os líderes nacionais estão mais preocupados com macroeconomia. E isso tem um motivo.
A Rússia enfrenta grave crise, e as taxas de crescimento estão negativas. No ano passado, houve registro de retração de 8%. A previsão para este ano é que o índice fique positivo em 4%. Para completar, os incêndios pioraram a situação. Segundo as primeiras estimativas, o prejuízo é calculado por ora em mais de 300 milhões de euros, além da perda de 1 milhão de hectares.
E justamente num momento em que Putin e Medvedev se mostravam mais preocupados em pôr em prática o novo modelo de política externa. A estratégia pretende tornar a Rússia mais pragmática. Este novo perfil, que prevê, inclusive, maior aproximação com o Ocidente – até mesmo com os EUA –, contrasta com o que vinha sendo feito nos últimos anos. Talvez demonstre uma espécie de choque de realidade.
O problema é que, para agradar aos novos parceiros, o país pode passar por um grande constrangimento interno. Já se sabe das intenções de uma atuação mais firme no Afeganistão. Há projetos de reforma das mais de 140 instalações do período de ocupação soviética, e construção de hidrelétricas, pontes, poços e sistemas de irrigação. Os acordos podem chegar a valores superiores a 1 bilhão de dólares.
A questão que o governo russo enfrentará é como justificará internamente tal investimento se, por omissão e falta de estrutura, não conseguiu evitar a tragédia dos incêndios. No fundo, tudo isso deriva da grande dificuldade de Putin e Medvedev para interpretar qual papel a Rússia deve exercer no mundo de hoje. Para variar, é a população quem paga – muitas vezes com a própria vida – por esta miopia.
A administração Medvedev-Putin está no foco da crise. Enquanto mais de 3,5 mil pessoas estão sem teto e já há 54 mortos, as autoridades mostram certo descaso com a situação. E tudo se torna ainda pior quando se sabe que esta era uma tragédia anunciada, como muita gente tem lembrado.
"Depois de o então presidente Vladimir Putir assinar o Código Florestal em 2007 – que transferiu a responsabilidade de proteger as florestas do governo federal para empresas privadas e órgãos regionais mal-equipados e sub-financiados – especialistas avisaram que o país iria queimar no primeiro verão mais quente (que viesse a acontecer)", escreve a jornalista Yulia Latynina no Moscow Times.
Os líderes nacionais estão mais preocupados com macroeconomia. E isso tem um motivo.
A Rússia enfrenta grave crise, e as taxas de crescimento estão negativas. No ano passado, houve registro de retração de 8%. A previsão para este ano é que o índice fique positivo em 4%. Para completar, os incêndios pioraram a situação. Segundo as primeiras estimativas, o prejuízo é calculado por ora em mais de 300 milhões de euros, além da perda de 1 milhão de hectares.
E justamente num momento em que Putin e Medvedev se mostravam mais preocupados em pôr em prática o novo modelo de política externa. A estratégia pretende tornar a Rússia mais pragmática. Este novo perfil, que prevê, inclusive, maior aproximação com o Ocidente – até mesmo com os EUA –, contrasta com o que vinha sendo feito nos últimos anos. Talvez demonstre uma espécie de choque de realidade.
O problema é que, para agradar aos novos parceiros, o país pode passar por um grande constrangimento interno. Já se sabe das intenções de uma atuação mais firme no Afeganistão. Há projetos de reforma das mais de 140 instalações do período de ocupação soviética, e construção de hidrelétricas, pontes, poços e sistemas de irrigação. Os acordos podem chegar a valores superiores a 1 bilhão de dólares.
A questão que o governo russo enfrentará é como justificará internamente tal investimento se, por omissão e falta de estrutura, não conseguiu evitar a tragédia dos incêndios. No fundo, tudo isso deriva da grande dificuldade de Putin e Medvedev para interpretar qual papel a Rússia deve exercer no mundo de hoje. Para variar, é a população quem paga – muitas vezes com a própria vida – por esta miopia.
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